Morro do Anhangava

Morro do Anhangava

17 de março de 2016 2 Por cristianocafr
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Informações

Localização: Quatro Barras – PR
Distância de Curitiba: Aproximadamente 38 km do centro de Curitiba – mapa
Altitude: 1450 metros
Nível de dificuldade: Médio
Tempo médio
: Aproximadamente 2 horas
Contato: 41-3554-1531 – http://www.iat.pr.gov.br/

O Anhangava (do tupi morro do Diabo), é um morro de granito muito grande, mas sem uma parede alta para a escalada, sendo que as vias se dividem em diversos setores.
O Morro do Anhangava fica dentro do Parque Estadual da Serra da Baitaca, uma Unidade de Conservação que é fruto de muitas lutas dos escaladores contra as mineradoras, que ameaçavam o morro. Ainda que o parque careça de infra-estrutura, há regras de uso e espera-se o bom censo por parte dos frequentadores.

Nada como acordar sábado de manhã de ressaca e receber uma ligação: “Ta onde? Que horas passa aqui? A Marcela ja esta pronta para ir para a trilha”. Naquele momento eu so queria ficar no escuro, e dormir, curtir a ressaca que depois dos vinte e poucos acaba sendo muito mais forte, mas pensei por pouco tempo e tinha duas opções para o sábado: ficar em casa morrendo, ou aceitar o convite e se morrer que fosse fazendo algo bom da vida.

Claro que escolhi a segunda e respondi ja chego aí. O aí era a casa da Renata, ela daria carona para chegarmos na base do Anhangava em Quatro Barras.

A viagem

Ja passava das duas da tarde, o sol estava forte, tínhamos que comprar água para levar, então paramos em um posto, a impressão que eu tinha é que faltava muito para chegarmos, mas na verdade já estávamos no destino, saímos do posto e perdemos a entrada para o centro da cidade. Nada de perder a paciência, nessa viagem tivemos a força do canto de Daniela Mercury, “A cor da cidade sol eu, o canto dessa cidade é meu”, tenho que dizer que nos momentos mais difíceis dessa trilha ela nos deu força e resgatou a motivação.

Deixar o carro no IAP tem o custo de 10 dilmas, se você não se atrasar, se chegar depois das 18:30, paga mais 5. O engraçado que na volta, sabíamos que tínhamos que pagar, mas o tiozinho, fico parado na nossa frente, não falava, não cobrava, não abria o portão, apenas olhava fixamente para nossa cara, um momento sinistro.

A trilha

Apesar de o ponto de saída ser no IAP, não é feito pelo caminho do itupava. Siga pela estrada, uns 500 metros acima terá uma placa sinalizando o inicio da trilha do Anhangava. As condições de preservação e sinalização estão muito boas, tanto que não tivemos quedas, apenas uma minha, que nunca volta sem levar um pacote.

Aventuras do Abilio Morro do Anhangava

Uma das coisas que mais me deixa feliz durante a caminhada, são as pessoas que encontro no caminho, povo do bem, sempre com sorriso, uma palavra de incentivo, trocam idéia, dão sugestões, dessa vez encontramos inclusive um cachorro, ele estava subindo uma familia que ficaria acampada, o Gru, estava animado, a impressão que eu tinha é que ele ficou chamando os companheiros para subir logo, sem conversa.

Renata, tem asma, em alguns momentos tivemos que parar para esperar ela recuperar o folego, dar aquela “soprada” no nariz, Marcela, ligada no 220v esperava dançando, cantando fazendo a festa. parecia criança, tudo era dez!

Aventuras do Abilio Morro do Anhangava

Para quem não conhece o Anhangava é um dos pontos principais próximos a Curitiba para treino de escalada, encontramos vários corajosos pendurados outros esperando na base. Nossa meta era menos arriscada, mas a vista era tão privilegiada quanto. Para chegar no topo é preciso usar os grampos fixados nas pedras, isso ja na parte final, dependendo do horário pode encontrar fila e ter que esperar um pouco. Tivemos que esperar, um grupo grande estava descendo, perfil de pessoas bem variado, crianças, adultos, homens, mulheres, gente com equipamento e mulheres com saia e rasteirinha. Mas a principal personagem foi a Nicole, uma menina, aproximadamente 12 anos, com medo de altura, para trocar os passos precisava de ajuda, cada um no seu ritmo, mas estimulo é sempre bom. Todos começamos a gritar o nome dela, senti que funcionou, ela foi ficando mais confiante, e no final o ultimo passo foi um pulo confiante, cravando os pés no chão.

Aventuras do Abilio Morro do Anhangava

Acesso liberado, fomos nós para a subida, para a Marcela foi a etapa do caranguejo, ela foi se arrastando, tendo seu momento Gabriela cravo e canela catando a pipa, a inclinação da montanha é forte e o vento estava forte. No caminho tivemos nossa melhor visão do horizonte, rios, lagoas, floresta, cidade, que dia.

Aventuras do Abilio Morro do Anhangava

Apressamos a caminhada, o dia ja estava se despedindo precisamos chegar no topo, descansar um pouco e voltar. Para nossa surpresa demos de cara com as nuvens, elas tinham descido e estavam literalmente batendo em nós, podíamos perceber elas passando por nós indo ao encontro do sol, que brilhava forte logo atrás delas, que tapavam, mas não conseguiam esconder completamente. Confesso que poderia ter ficado decepcionado por perder a vista, passar frio por causa do vento gelado e pela pressa de ter que descer logo, mas foi um momento mágico de mentalizar coisas boas e que com certeza ficara marcado, nunca me senti tão próximo do céu assim antes.

A volta

Tenho que dizer foi realmente um capitulo a parte, todos felizes, cantando, dançando, tivemos o prazer de ver o por do sol na descida. Até que a luz natural começou a nos deixar, descubro que deixei a lanterna no meu carro, sem bateria no celular, a nossa única salvação foi se agarrar alegria de Daniela Mercury haha e torcer para a bateria do celular da Renata, dar conta do recado, fomos descendo, meio sem se preocupar com o tênis, a missão era chegar em segurança, limpo ja seria um detalhe quase impossível. Claro, que rola uma tensão no ar, ninguém tem experiência de caminhadas noturnas, o jeito é não demonstrar o medo e continuar. Tivemos mais um imprevisto, em algum lugar na trilha viramos errado e chegamos onde não tínhamos passado na ida, nesse momento apenas 6% de bateria no celular, GPS não funcionando, percebo que quase rola um choro, mas decidimos voltar para a trilha e tentar a achar o erro. Ufa! reencontramos a rota, graças as marcações nas árvores. Aliviados e agradecidos chegamos no posto do IAP novamente. Hora de enfrentar os quebra molas infinitos e voltar para Curitiba.

Obrigado meninas, foi demais esse dia 🙂